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Entre o Burnout e a Busca por Conexões Reais: O Desafio da Liderança em 2025

Esse final de semana li um artigo de Melissa Swift pelo MIT Sloan Management Review muito elucidativo sobre as cargas de trabalho dos gestores no mundo pós-pandemia, agile, matricial e, acima de tudo, lotado de informações e, consequentemente, de análises de riscos e decisores a todo momento. O esgotamento do trabalho é perceptível em todos os lados.

A paciência esgotada de gestores com reflexos nítidos no engajamento dos colaboradores, perceptível ao abrir das câmeras do Teams por meio de um desânimo geral. Estamos num ciclo preocupante nas organizações, estamos entre o burnout e a busca por conexões reais e inspiradoras. E nós gestores temos um papel crucial no desfazimento desse ciclo.

As nossas responsabilidades como líderes vão muito além do encerramento da jornada diária. O nosso comprometimento é pessoal com as pessoas. Mais do que com as empresas em si. Gestores vem e vão, mas as pessoas, as conexões e as marcas positivas e negativas ficam para sempre nas pessoas.

Quando penso sobre isso me vem à cabeça a ideia do líder inspirador e espelho, um espelho positivo para os liderados, evitando querer pretender transparecer ser alguém desprovido de sentimentos. Pelo contrário, ser um líder nos dias de hoje exige menos ser máquina e mais ser pessoa. A percepção para os demais de que você também pode estar em situação vulnerável ou mesmo vivenciando um dia ruim e até mesmo um burnout é importante para gerar conexões reais e duradouras entre as pessoas, uma espécie de entrelaçamento quântico entre líder e liderados.


Dados do Burnout

Dados alarmantes que confirmam essa percepção: o sentimento de burnout entre gestores não é um caso isolado e por isso você não é o único que está se sentindo assim. Em uma pesquisa sobre saúde mental realizada em janeiro de 2024 pelo NAMI trazida por Swift, mais da metade de todos os gerentes (54%) indicou que sentiu sintomas de burnout durante o ano passado por causa de seu trabalho. Entre funcionários de todos os níveis, 36% disseram que sua saúde mental sofreu devido às demandas do trabalho. Até mesmo pessoas no nível C da organização também sofrem do mesmo acometimento e estão abandonando seus cargos.

Swift retrata com precisão a realidade atual quando descreve os líderes correndo de reunião em reunião, parecendo mais coordenadores de recreio tentando manter a ordem em meio ao caos. Com a complexidade dos negócios crescendo exponencialmente - entre hiper automações e personalizações -, somada à polarização das relações e à invasão constante da tecnologia em nossas vidas (aquele grupo do WhatsApp que não para de apitar), fica ainda mais desafiador manter não só a ordem, mas também inspirar e guiar pessoas em uma jornada significativa. Identificou-se com essa situação?


A Realidade da Liderança Hoje: 4 Desafios que Todo Gestor Enfrenta

Entre o burnout e a busca por conexões reais quatro aspectos da liderança têm ficado cada vez mais complexos: motivar nossas equipes, encontrar a verdade no meio do caos, manter o foco estratégico e, o mais crítico, preservar nossa própria sanidade. Vou compartilhar minhas impressões sobre cada um deles, dialogando com as ideias dela.


1. Motivação: Menos Guru, Mais Gente

No meio de tanto caos digital (são em média 121 e-mails por dia, fora WhatsApp, Teams e aquela reunião que poderia ser um email), às vezes um simples "obrigado" ou uma conversa de dois minutos tomando um café fazem mais diferença que grandes eventos motivacionais.

Não adianta tentar ser o líder perfeito. Mostrar que também temos dias ruins, que também nos sentimos sobrecarregados, cria conexões muito mais verdadeiras. Um GIF bem-humorado no grupo da equipe às vezes vale mais que um PowerPoint cheio de dados.


2. A Busca pela Verdade no Mar de Dados

Swift faz uma comparação interessante com o filme "Rashomon" - cada relatório, cada planilha, cada dashboard conta uma história diferente. Como saber qual é a verdade? A dica dela é simples: questione mais. De onde vieram esses dados? O que não estamos vendo? Qual é a história real por trás dos números? Seja crítico e analítico.


Aqui eu pontuo o que chamo de cultura da verdade e do que é certo. Trilhar esse caminho nos coloca várias vezes em posições antagônicas com nossos líderes ou liderados. Por vezes ocorre inversão de valores, cooptação das opções disponíveis para vantagens pessoais de não se aborrecer e até mesmo uma clara escolha pelo mais fácil em detrimento do que é certo. O certo é aquele que dentro dos limites legais e éticos mostra-se com base em dados e fatos a melhor escolha harmonizada para a empresa, clientes, stakeholders e, claro, colaboradores.


3. Estratégia no Caos

As estruturas matriciais de hoje são um quebra-cabeça em 3D. Cada decisão precisa considerar mil variáveis, diferentes times, stakeholders diversos. Tenho experimentado a abordagem de método de priorização estratégica. Eu utilizo o Notion no âmbito pessoal e mentorias. Já na vida corporativa, as ferramentas Microsoft. Já Swift sugere algo mais simples: colorir a agenda de acordo com prioridades estratégicas. Parece bobo, mas ajuda a ver onde realmente estamos gastando nosso tempo.


4. Cuidando de Si Mesmo

Esse talvez seja o ponto mais importante do artigo de Swift. Não adianta falar de bem-estar para o time se estamos nos afogando. Não é sobre fazer yoga (embora possa ajudar), mas sobre ter coragem de estabelecer limites. A IA e outras tecnologias prometem ajudar, mas a mudança real precisa começar com a gente. Limites pessoais e corporativos. Não é um vale-tudo. Encontre propósito no que faz.


Para Refletir

Depois de ler Swift e refletir sobre minha própria experiência, ficou claro para mim que a liderança hoje pede menos super-heróis e mais seres humanos. Não tem fórmula mágica, mas talvez esse seja exatamente o ponto: precisamos aceitar que nem tudo está sob nosso controle.

E você, como tem lidado com esses desafios? O que tem funcionado para você? Me conta nos comentários - afinal, como diz Swift, quanto mais compartilhamos nossas experiências, mais forte fica nossa comunidade de líderes.


Continuo refletindo sobre liderança e gestão no mundo atual. Se quiser trocar mais ideias sobre isso, me segue aqui no blog e nas redes sociais: LinkedIn | Instagram

 

Artigo inspirado nas ideias de Melissa

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