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O Poder do Silêncio para a Sua Saúde Mental

Foto preto e branco de uma mulher com o sinal de silêncio em busca de redução de ansiedade

O silêncio é uma presença constante e poderosa em nossas vidas, muitas vezes subestimada em sua capacidade de oferecer paz e introspecção. Desde cedo, aprendi a valorizar esses momentos de quietude, graças à influência de meus pais, que sempre cultivaram um ambiente onde o respeito pelo espaço pessoal era essencial. Essa apreciação pelo silêncio me fez refletir profundamente ao ler a reportagem da BBC News Brasil sobre o fenômeno do "silêncio pago" no Japão.


Até hoje, ao acordar, opto por realizar meus exercícios matinais sem fones de ouvido, evitando músicas ou podcasts, estando sujeito apenas aos sons da paisagem urbana. Essa escolha consciente de silêncio me proporciona paz e me conecta comigo mesmo de uma maneira que a correria do cotidiano muitas vezes me priva. A ironia reside em ser gestor em período integral e DJ nas horas vagas. Em minha vida profissional, estou frequentemente cercado por barulhos e interações constantes, estresse, mas, paradoxalmente, cultivei um profundo apreço pelo silêncio como forma de descompressão. A busca por momentos de tranquilidade torna-se um refúgio do barulho ensurdecedor das megalópoles; uma forma de recarregar as energias e encontrar equilíbrio no caos; um foco para meu bem-estar e saúde mental.


Portanto, a ideia de comercializar o silêncio para aliviar o estresse e a ansiedade, embora inicialmente impactante, me pareceu extremamente familiar. Em meio à saturação de barulho, o silêncio tornou-se um recurso escasso e, portanto, precioso. Mergulhar nesse tema evidencia como o silêncio, antes abundante e natural, como a própria natureza do nosso universo, transformou-se uma condição necessária para sobreviver ao mundo superpovoado e barulhento. Essa transformação nos leva a questionar nossos valores e como encontrar serenidade em meio à agitação constante ou até mesmo promover algum tipo de desconexão, principalmente a desconexão digital.


A prática de atividades físicas no meio urbano são benéfica a saude mental e pode ser um exemplo de desconexão digital e meditação

Impactos na Saúde Mental e Física com a Comercialização do Silêncio

A exposição contínua ao ruídos pode levar a problemas de saúde, como estresse, ansiedade e dificuldades de concentração, ressaltando a importância de ambientes silenciosos para o bem-estar, prática de mindfullness, meditações guiadas e até mesmo prática de rituais mais ancestrais que conectam a pessoa consigo mesma. Estar em silêncio nunca esteve tão em voga. Porém, deveria um artigo natural, disponível, controlável, inesgotável estar disponível a venda?


O ponto crucial trazido a baila pela reportagem é que estamos discutindo algo ainda mais profundo e com fortes implicações emocionais e sociais. A comercialização do isolamento social levanta um debate importante: como lidar com a constante pressão por comunicação e interações sociais em um mundo que exige nossa atenção a cada segundo? Essa questão se torna ainda mais relevante com o aumento da conectividade e da sobrecarga de informações. Pesquisas na área da psicologia social demonstram que a pressão social pode afetar negativamente a saúde mental, aumentando os níveis de estresse e ansiedade, o mal da nossa geração.


A crescente demanda por silêncio e a sua comercialização com as recentes iniciativas japonesas levantam questões sociais relevantes que vão além da típica comercialização de bem-estar. Embora serviços de silêncio possam beneficiar individualmente aqueles que buscam tranquilidade, é importante considerar a acessibilidade a esses serviços e o potencial aumento da desigualdade social e do aumento de crises mentais.


Afinal, se o silêncio se torna um produto comercializado, apenas aqueles que podem pagar terão acesso a ele, criando uma disparidade entre aqueles que podem desfrutar de seus benefícios e aqueles que permanecem expostos ao barulho e suas consequências negativas. Além disso, a valorização excessiva do silêncio pode levar a uma maior isolamento social e a dificuldades na comunicação e interação interpessoal. É fundamental ponderar os benefícios individuais com os potenciais impactos sociais negativos para garantir uma sociedade mais equilibrada e inclusiva.


Paisagem Natura Silenciosa

Japão Indicador da Crise Acústica

Tóquio, com mais de 14 milhões de habitantes, exemplifica as tensões da superlotação e do barulho urbano. Ambientes densamente povoados intensificam o estresse, contribuindo para o aumento de casos de ansiedade e depressão. De acordo com a reportagem da BBC News Brasil Uma pesquisa indicou que 65% dos habitantes de áreas superlotadas no Japão sentem-se sobrecarregados pelas exigências sociais e pela pressão constante do dia a dia. Em cenários como trens lotados e shoppings barulhentos, trabalho estressante e esgotante como se vê na cultura japonesa, é de se entender o porque de o silêncio ter se tornado escasso e valorizado.


Essa realidade destaca a relação entre densidade populacional e saúde mental, evidenciando a necessidade de espaços que promovam calma e descanso em meio ao turbilhão urbano, tendo a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconhecido o ruído como um poluente ambiental que afeta a saúde pública, e diversos estudos comprovam a correlação entre exposição ao ruído e problemas de saúde física e mental, com especial atenção aos neurodivergentes.


Em resposta à crescente demanda por tranquilidade, surgiram serviços no Japão que oferecem experiências silenciosas, transformando o silêncio em uma forma de autocuidado e atenção às necessidades emocionais. Salões de beleza, táxis e restaurantes lideram essa tendência, permitindo que os clientes escolham interações reduzidas ou silêncio absoluto.


A BBC News indentificou algumas iniciativas do tipo, como o Hair Works Credo, em Setagaya, Tóquio, que permite que os clientes escolham entre três níveis de interação: ambiente normal, conversas reduzidas ou silêncio total, personalizando a experiência, táxis cujos motoristas permanecem em silêncio, proporcionando alívio para quem busca concentração ou relaxamento. A oferta de serviços de silêncio no Japão demonstra uma valorização cultural na percepção do silêncio como essencial para o bem-estar geral.


Essa tendência japonesa encontraria facilmente lugar ao sol em meio ao caos de São Paulo. Embora tentadora a oferta de serviços de silêncio, questiono-me sobre seus impactos sociais. Em um mundo que raramente desacelera e nos bombardeia com estímulos, devemos criar nossos próprios momentos de tranquilidade e introspecção.


Afinal, o silêncio transcende a mera ausência de som; é uma oportunidade de reencontro consigo mesmo, um espaço para reflexão, recarga de energias e busca por clareza em meio à confusão da vida moderna. Ou seja, a harmonia entre a caga e a descompressão são necesárias para saúde integral da pessoa.



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